Nossas Crianças: reflexo de nossa incompetência governamental


Um terço dos estudantes de 4ª série sabe o equivalente a um aluno da 1ª
Ministério da Educação elabora parâmetros inéditos para dizer o que se deve esperar da criança em cada fase escolar

Lisandra Paraguassú, BRASÍLIA


Um terço das crianças brasileiras matriculadas na 4ª série do ensino fundamental não sabe nem sequer o que deveriam ter aprendido ao final do 1º ano de escola. A conclusão, desta vez, é oficial, e parte de um estudo ainda inédito preparado pelo Instituto de Estatísticas e Pesquisas Educacionais (Inep), ligado ao Ministério da Educação, e obtido com exclusividade pelo Estado. Pela primeira vez, o ministério criou parâmetros para dizer objetivamente o que um aluno deve saber em cada nível de escolaridade. A conclusão é que as crianças vão à escola, mas isso está longe de significar que estão aprendendo. A base do estudo são os resultados da chamada Provinha Brasil, a primeira avaliação de alfabetização feita no País, que começa a ser repassada para os Estados neste mês. Para poder dizer a cada Secretaria de Educação se seus alunos sabem o que deveriam saber ao final da alfabetização, foi criada uma escala com cinco níveis. O quarto nível, em que um estudante deve ser capaz de ler textos curtos com vocabulário comum na escola, foi considerado pelo Inep como o ideal para um menino de, normalmente, 8 anos que esteja terminando a 1ª série primária - ou o 2º ano, na nova metodologia do ensino fundamental de nove anos. A comparação dessa escala com a do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) - a avaliação da 4ª e 8ª séries do fundamental e 3º ano do ensino médio, feita a cada dois anos - mostra que esse quarto nível corresponde de forma muito aproximada à pontuação de 125 a 150. Porém, na 4ª série (ou, agora, o 5º ano do fundamental), um terço dos estudantes brasileiros avaliados em 2005 não passou desse nível. Se forem consideradas apenas as escolas públicas - descontadas as federais, que costumam puxar as notas para cima -, esse índice ainda fica um pouco pior: 33,3%. Nas redes municipais chega a 35%. São crianças terminando a 4ª série, prestes a entrar em um mundo escolar ainda mais complexo, e que não conseguem entender o enunciado de uma questão ou mesmo uma historinha mais longa. E essa realidade fica ainda pior quando se olham as diferenças regionais. Mesmo com melhorias recentes, o Nordeste ainda mantém os piores indicadores: metade das crianças de 4ª série tem nível de 1ª. No Rio Grande do Norte, quase 60% estão nessa situação. Mesmo em São Paulo, o Estado mais rico do País, são 28,7% dos estudantes. A escala preparada pelo Inep ainda permite calcular qual seria a pontuação ideal de um estudante da 4ª série/5º ano do fundamental: entre 200 e 210 pontos, seguindo a progressão natural do aprendizado.
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Nosso sistema democrático é evoluído; nossos políticos: pré-históricos


Ao ler a reportagem muito didática sobre o sistema eleitoral americano, nota-se que a questão da representabilidade vista na democracia brasileira é mais justa e correlata ao desejo popular, em relação a vista pelo centro da "liberdade" mundial: Os Estados Unidos da América.
Não nego que admiro em vários pontos a evolução do povo americanos- me imunizando com o discurso latino americano de povo coitado e reprimido- mas que nosso sistema eleitoral é bem mais evoluido, não há discussão (ver reportagem abaixo).

Deste ponto, mais uma vez nossa corja política não honra nossa histórica de liberdade individual e de vocação democrática correta. Do que adianta um dos, se não o melhor sistema eleitoral do Mundo, se não possuímos pessoas honestas para ocupar as esferas de ocupação pública por cargos eleitos ou concursados.


PS- A regra não é geral, mas a maior parte forma a imagem da inutilidade da máquina pública.


Entenda o processo eleitoral dos EUA que irá levar um pré-candidato até a Casa Branca
Edilson Saçashimade São Paulo





Os Estados Unidos irão conhecer o seu novo presidente no próximo dia 4 de novembro. Porém, até essa data o futuro inquilino da Casa Branca terá de percorrer um longo e tortuoso caminho. O processo eleitoral americano possui particularidades que tornam acirrada a disputa pelo cargo político mais influente do mundo. As dificuldades se apresentam desde o momento em que um político tenta ser o candidato indicado pelo seu partido para disputar a presidência dos EUA.1º etapa: escolha do candidatoPode-se afirmar que a corrida presidencial foi oficialmente iniciada no dia 3 de janeiro. Nessa data, o Estado de Iowa escolheu o seu pré-candidato preferido para disputar a vaga de candidato presidencial pelo Partido Democrata e pelo Partido Republicano. Nos próximos meses, todos os Estados americanos repetirão esse processo de "peneira".


A CORRIDA PRESIDENCIAL

1. Cada partido faz seus caucus ou primárias, conforme a lei local, em todos os 50 Estados
2. O pré-candidato vencedor terá um determinado número de delegados na convenção nacional do partido
3. Na convenção nacional, é escolhido candidato aquele que obtiver o maior número de votos de delegados
4. Candidatos republicano e democrata fazem campanha
5. A votação ocorre em 4 de novembro
6. Cada Estado tem um determinado número de delegados para o colégio eleitoral. O candidato vitorioso no Estado leva os votos de todos os delegados
7. É eleito presidente dos EUA aquele que obtiver maior número de votos no colégio eleitoral, ou seja, maior número de votos dos delegados


Nessa primeira fase, cada um dos 50 Estados participa do processo de escolha do candidato do partido, seja ele Democrata ou Republicano. É nesse momento que o processo eleitoral americano mostra algumas de suas particularidades, pois a forma com que os eleitores elegem seu político preferido difere de um Estado para outro. Isso se deve ao fato da escolha respeitar à legislação eleitoral local. É uma lei estadual, por exemplo, que estipula que New Hampshire, que ostenta o status de "primeiro da nação", seja o primeiro a realizar uma primária no país. Iowa, por sua vez, conta com uma lei estadual que estipula que seja o primeiro Estado a ter qualquer tipo de votação no país. Por isso, foi em Iowa que a corrida presidencial teve início, não com uma primária, mas com um caucus.Aqui podemos notar as duas formas que os americanos adotaram para escolher o seu candidato partidário: o caucus e as primárias.O caucus pode ser definido como assembléia de eleitores. Eles se reúnem em determinados locais (casas, escolas, igrejas, edifícios públicos, por exemplo), que são os distritos eleitorais cadastrados, onde discutem os candidatos e suas propostas.No Partido Republicano, o caucus é decidido através do voto informal (levantando a mão, por exemplo). Sai vitorioso o presidenciável com maior número de votos.


HILLARY À BEIRA DO CHORO

As pressões da disputa partidária democrata, na qual o favoritismo de Hillary Clinton se vê cada vez mais ameaçado pelo senador Barack Obama, provocaram uma rara exibição de lágrimas da ex-primeira-dama ontem. Sem conseguir evitar a voz embargada e com os olhos visivelmente úmidos, ela falou publicamente sobre a dificuldade em manter o controle das emoções durante a campanha.


No Partido Democrata, o processo é mais complexo. Para permanecer na disputa, cada pré-candidato deve obter pelo menos 15% dos votos em cada um dos distritos eleitorais cadastrados.Por exemplo, imaginemos uma determinada casa como um distrito eleitoral democrata. Nesta casa, cada cômodo representaria um pré-candidato. No momento da votação, os eleitores se dirigiriam ao cômodo do político de sua escolha. O cômodo que tivesse menos de 15% dos eleitores desse distrito significa que este candidato é "inviável".Os eleitores desse candidato inviável deverão, então, se encaminhar para o cômodo de algum outro pré-candidato considerado viável. Após esse novo reagrupamento é determinado o pré-candidato vencedor.Diz-se pré-candidato vencedor, mas de uma forma indireta, pois o que ocorre é que dos distritos eleitorais saem os delegados que irão votar nas convenções dos condados. E nessas convenções, são eleitos outros delegados que irão votar nas convenções estaduais, de onde sairão os delegados nacionais.Ou seja, escolhe-se indiretamente o candidato. Vota-se inicialmente não no candidato, mas em um "representante" que levará o voto em determinado candidato até a convenção nacional. É hábito usar a metáfora da corrida para a disputa eleitoral. No caso dos EUA, poderíamos comparar com a prova do revezamento, em que cada corredor (delegado) entrega o bastão (o voto em determinado candidato) ao próximo corredor. Neste caso, quem receberia a medalha de ouro (a candidatura presidencial), não seria o primeiro corredor a cruzar a linha de chegada, mas o bastão...O processo de escolha conhecido como primárias pode ser definido como uma eleição interna dos partidos. Também aqui cada Estado apresenta suas particularidades. Por exemplo, pela lei estadual pode ficar estipulado que as eleições podem ser realizadas com a participação do cidadão comum ou com apenas os filiados do partido.Novamente, o eleitor irá determinar o pré-candidato vencedor de forma indireta, ou seja, elegem-se os delegados que vão votar no político preferido na convenção nacional do partido. O político terá um número de delegados proporcional ao número de votos recebidos. Por exemplo, o vencedor das primárias de um Estado terá maior número de delegados desse Estado na convenção nacional do partido.Ultrapassado essa primeira etapa em todos os 50 Estados dos EUA, é realizada a convenção nacional de cada partido. O Partido Democrata deve realizar sua convenção nacional em Denver entre os dias 25 e 28 de agosto. Os republicanos realizam a sua convenção nacional entre os dias 1º e 4 de setembro.Nessas convenções se reúnem todos os delegados eleitos ao longo do processo desenvolvido até o momento. Nessa fase, já é possível saber quem será o candidato presidencial. De certa forma, a convenção nacional "oficializa" quem prosseguirá na disputa presidencial.2ª fase: escolha do presidenteCom os candidatos de cada partido definidos (pode ocorrer da disputa presidencial contar com candidatos independentes), começa a etapa final da corrida presidencial.Nessa fase, há o confronto direto entre os dois candidatos, com debates, intensa campanha publicitária e o tradicional "corpo a corpo" em cada Estado.No dia 4 de novembro, os americanos vão às urnas e escolhem o novo presidente. Como na fase anterior, a escolha é "indireta". Ou seja, eles elegem delegados que vão formar um colégio eleitoral. É como se os cidadãos elegessem os "eleitores" de um candidato. Cada delegado mostra-se comprometido com um candidato. Assim, o cidadão de um Estado que quer votar no presidenciável X, irá votar para que o delegado comprometido com o candidato X possa levar o voto até o colégio eleitoral.Há ainda uma outra peculiaridade. Cada um dos Estados conta com um determinado número de delegados que poderão participar do colégio eleitoral. Esse número varia de acordo com o tamanho da população.O candidato que vencer em um Estado leva todos os delegados desse Estado para o colégio eleitoral.Imaginemos um exemplo. O Estado A pode enviar 31 delegados para o colégio eleitoral. Nesse Estado, o candidato X venceu com 50,1% dos votos dos cidadãos, contra 49,9% dos votos do candidato Y. No colégio eleitoral, o candidato X terá os votos de todos os 31 delegados desse Estado.Já o Estado B responde por 30 delegados no colégio eleitoral. Aqui, o candidato Y venceu com 85% dos votos populares contra 15% dos votos para o candidato X. O candidato Y leva todos os 30 votos.No resultado final, o eleito foi X, com 31 delegados contra 30 do adversário, mesmo que seja possível que o candidato Y tenha mais votos populares. De certa forma, foi isso que ocorreu em 2000, quando George W. Bush foi eleito, mesmo com menos votos que Al Gore
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