Mais mil casos de corrupção

Operação Rapina: em dois dias, PF já prendeu 102
Publicada em 14/12/2007 às 23h13mRaimundo Garrone - especial para O Globo; TV Globo; O Globo Online
SÃO LUÍS - A Operação Rapina, que investiga desvio de dinheiro da educação e da saúde no Maranhão e no Piauí, já prendeu 102 pessoas, entre elas estão oito prefeitos e seus secretários de Saúde e Educação, na maioria parentes. Eram nessas secretarias que acontecia o maior número de licitações forjadas para justificar desvios de recursos da União. Ainda faltam ser cumpridos 16 mandados de prisão, como o da prefeita de Tufilândia, Marinalva Madeiro Sobrinho (PSB), e de seu secretário de Educação, Edirson Moraes Salazar, já considerados foragidos.
A PF ainda não contabilizou os valores totais encontrados em dinheiro com os acusados. Na casa do prefeito de Tuntum, Cleomar Tema, foram apreendidos 20 mil dólares. Na residência de um funcionário do Tribunal de Contas do Estado (TCE), cujo nome não foi revelado, havia R$ 70 mil. Muitos presos já confessaram e denunciaram cúmplices
O superintendente da PF no Maranhão, Gustavo Gominho, disse que a operação poderá ter desdobramentos já que mais de metade dos presos aceitaram o benefício da delação premiada:
- Muitos já confessaram e abriram o jogo. Então, aqueles que fazem parte desse esquema podem nos aguardar - afirmou o policial.
A Polícia Federal já tem provas de que as fraudes vinham acontecendo há mais de 20 anos no Maranhão, e calcula que o esquema desviou R$ 1 bilhão em dez anos.
No apartamento do presidente da Federação dos Municípios do Maranhão - Cleomar Tema, que também é prefeito de Tuntum - os agentes federais encontraram documentos relacionados a licitações. Na casa da prefeita de Tufilândia, Marinalva Sobrinho - que ainda está foragida - os policiais apreenderam um carro e uma lancha avaliada em mais de R$ 100 mil.
A Polícia Federal diz que, para justificar os gastos, os políticos fraudavam licitações, e empresas fantasmas forneciam notas falsas para prestar contas de serviços não realizados.
" Essa quadrilha, na realidade, não era comandada pelos prefeitos; era comandada por um grupo de contadores que montava todo esse esquema de fraude "
- Essa quadrilha, na realidade, não era comandada pelos prefeitos; era comandada por um grupo de contadores que montava todo esse esquema de fraude - afirmou Gustavo Gominho, da Polícia Federal.
O advogado dos prefeitos detidos considera as prisões desnecessárias, já que os prefeitos têm endereço fixo, e deve pedir o relaxamento das prisões temporárias.
Foram presos os prefeitos Aldenir Santos (PV), do município de Urbano Santos; José Cardoso do Nascimento (PSC), de Araioses; Francimar Marcolino da Silva (PMDB), de Governador Newton Belo; Iara Quaresma (PDT), de Nina Rodrigues; Luís Gonzaga Muniz Fortes (PT do B), de São Luís Gonzaga; José Teixeira Noronha (PMDB), de Paulo Ramos; Maria Sônia Campos (DEM); de Axixá, e Cleomar Tema (PSB) de Tuntum.
A prisão do prefeito de Tuntum foi a de maior repercussão, por ser ele o presidente da Federação dos Municípios do Maranhão. Na operação, foram mobilizados aproximadamente 600 policiais federais, lotados nos estados do Maranhão, Piauí, Pará, Pernambuco, Distrito Federal, São Paulo, Amapá, Roraima, Rondônia e Amazonas.
As investigações, iniciadas em janeiro de 2006, revelaram que o grupo criminoso fraudava licitações, utilizava notas fiscais falsas e empresas de fachada para obter vantagem nos processos licitatórios financiados pela União por meio de convênios, fundos e planos nacionais.
As ações ocorrem em 14 municípios no Maranhão e três no Piauí. Participam da operação, 22 analistas da CGU. Os presos responderão por falsificação de documentos, falsidade ideológica, peculato, estelionato, formação de quadrilha, fraude em licitação, corrupções ativa e passiva, lavagem de dinheiro, entre outros crimes.

 
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